CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DOS TOLTECAS, MAIAS, ASTECAS E INCAS

sexta-feira, 24 de maio de 2013

CONTEXTO ECOLÓGICOS DA MESOAMÉRICA

Paisagem das terras altas mesoamericanas. 

As terras mesoamericanas situam-se entre os 10º e 22º de latitude norte. Incluem a região que se estende desde a zona central do México, ao istmo de Tehuantepec, a península do Iucatão, Guatemala, Belize, El Salvador e as zonas costeiras do Pacífico de Honduras, Nicarágua e Costa Rica até ao golfo de Nicoya. 
Trata-se de uma combinação complexa de vários sistemas ecológicos. Michael Coe agrupa os diferentes nichos:
 - Em terras altas (aquelas situadas a altitudes entre os 1000 e os 2000 m), conhecidas como planaltos;
 - Em terras baixas, com altitudes próximas do nível do mar, abaixo dos 1000 m de altitude.
No primeiro grupo destaca-se a sua grande diversidade climática, que inclui desde os climas frios de montanha ao clima tropical seco. Predominam, no entanto, os climas temperados com chuvas moderadas. Nas terras baixas predominam os climas subtropicais ou tropicais, como nas costas do Golfo do México e do Mar das Caraíbas. Há um número de diferentes sub-regiões dentro da Mesoamérica que são definidas por uma convergência dos atributos geográficos e culturais. Estas sub-regiões são mais conceituais do que culturalmente significativas, e a demarcação de seus limites não é rígida.
A área maia, por exemplo, pode ser dividida em dois grupos gerais: as terras baixas e altas. Além disso, as terras baixas são subdivididas entre norte e sul. As terras baixas do sul maia são geralmente consideradas como abrangendo o norte da Guatemala, o sul de Campeche e Quintana Roo no México, e Belize. As terras baixas do norte cobrem o restante da parte norte da península de Yucatán. Outras áreas geográficas e culturais incluem o Centro do México, Oeste do México, as Terras Baixas da Costa do Golfo, Oaxaca, as Terras Baixas Sul do Pacífico e Sudeste da Mesoamérica (incluindo o norte de Honduras).

TERRAS ALTAS
. Alguns dos vales das terras altas da Mesoamérica possuem solos férteis com aptidão agrícola. É este o caso dos vales de Oaxaca, de Puebla-Tlaxcala e do México. Ainda assim, a sua localização entre as montanhas impede a passagem das nuvens. Esta situação é especialmente crítica nos vales de terra quente da Mixteca, talvez os mais secos das terras altas.


Um dos poucos animais domesticadas pelos povos mesoamericanos foi o peru
Além da escassez de chuva, existem poucos cursos de água, e apenas de caudal reduzido. As primeiras investigações arqueológicas na Mesoamérica pareciam mostrar que o clima deveria ter sido mais benigno no passado. No entanto, com o passar dos anos e com o aprofundamento do conhecimento sobre a região, sabe-se agora que o clima não devia ser muito diferente do atual, ainda que os ecossistemas mostrem um grau de desgaste importante, fruto da atividade humana. Uma boa parte das terras altas apresenta evidências de uma desflorestação antiga, e várias espécies desapareceram dos seus antigos habitats. Portanto, as terras altas da Mesoamérica, ainda que não sendo extraordinariamente ricas, tampouco foram demasiado pobres como para impedir o desenvolvimento das altas culturas agrícolas da antiguidade pré-hispânica. De fato, a sua situação é similar à de outras regiões do mundo onde cedo ocorreram processos civilizacionais, como o norte do Peru, na América do Sul, ou o vale do Indo, na Ásia. Nestes lugares, como na Mesoamérica, os seres humanos tiveram que aprender a aproveitar ao máximo os recursos de que dispunham nos seus nichos ecológicos. Os mesoamericanos das terras altas, como povos agrícolas, aprenderam a armazenar a água e a conduzi-la desde as suas fontes nas montanhas até às terras de cultivo. Provavelmente a mais característica das técnicas agrícolas da Mesoamérica foi o cultivo em chinampas, desenvolvido nos lagos da meseta Tarasca e em especial no vale do México, onde se conservam ainda algumas zonas com este tipo de cultivo em Xochimilco. Além disso, tiveram que aprender a contar o tempo, uma vez que o período no qual podiam semear estava intercalado entre duas temporadas que ameaçavam o bom término das colheitas do principal cultivo - o milho-: a temporada seca e quente do início da primavera e as geadas do inverno.
TERRAS BAIXAS
O jaguar foi um animal muito apreciado na Mesoamérica. A distribuição histórica do jaguar ia desde o que hoje é o sudeste dos Estados Unidos, para sul através da Mesoamérica, até à América do Sul.
Jaguar
 Bem diferente era a situação nas terras baixas. Especialmente no sudeste da costa do Golfo do México, as chuvas são demasiado abundantes. As selvas tropicais de vegetação espessa cobriam uma grande parte das planícies costeiras, e isto representava um obstáculo ao desenvolvimento da agricultura. Nestes lugares, tanto a vegetação como o excesso de água representavam um problema, o que levou os antigos mesoamericanos a idealizar sistemas de drenagem, cujos vestígios se podem observar na região de Chontalpa em Tabasco, onde subsistem os chamados camellones chontales. Por outro lado, a fauna de que dispunham os povos mesoamericanos não era facilmente domesticável. Muitos milênios antes do início da civilização na Mesoamérica, as principais espécies de mamíferos passíveis de serem domesticados haviam desaparecido devido à caça excessiva. Foi este o caso do cavalo e de algumas espécies bovinas. Este fato explica por que os povos desta região não tinham animais de carga e por que a civilização mesoamericana era exclusivamente agrícola. As únicas espécies domesticadas foram o xoloitzcuintle e o peru, mas nunca fizeram parte da dieta e da economia da maioria dos povos mesoamericanos. Não obstante o anterior, as sociedades da região praticavam a caça de outras espécies, quer como complemento à sua dieta (veados, coelhos, aves, numerosas ordens de insetos), ou como artigos de luxo (peles de felinos, como o jaguar e aves de plumagens vistosas, como o quetzal). Uma vez que a Mesoamérica se encontra fragmentada em nichos ecológicos muito reduzidos e diversos, nenhuma das sociedades que a habitaram em tempos pré-hispânicos era auto-suficiente. Por isso, desde os últimos séculos do período arcaico, anterior ao período pré-clássico, os povos da região especializaram-se na exploração de certos recursos naturais abundantes na sua vizinhança imediata, logo estabelecendo redes de trocas comerciais que sanaram as carências do meio ambiente. Os povos do ocidente, por exemplo, especializaram-se na produção agrícola e de cerâmica; os oaxaquenhos produziam algodão e cochonilha; das costas provinham o sal, peixe seco, conchas marinhas e pigmentos como o púrpura; das terras baixas da Área Maia e do golfo do México obtinham-se o cacau, a baunilha, peles de jaguar, aves preciosas como o quetzal ou a arara; do centro saía grande parte da obsidiana utilizada na fabricação de armas e ferramentas.
Fonte: pt.wikipedia.org
Formatação: Helio Rubiales

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