CIVILIZAÇÕES PRÉ-COLOMBIANAS DOS TOLTECAS, MAIAS, ASTECAS E INCAS

sexta-feira, 24 de maio de 2013

ÁREAS CULTURAIS DA MESOAMÉRICA

ÁREAS CULTURAIS
 Denominam-se áreas culturais as regiões habitadas por povos que partilham vários elementos em comum, seja pela sua ausência ou presença nos sistemas culturais. Isto não significa que todos os povos agrupados numa mesma área cultural constituam uma unidade étnica: em muitos casos, nem sequer partilham o mesmo idioma. Este fato não obsta a que possa existir interação entre eles, quer em virtude das suas relações políticas, comerciais ou por simples contiguidade geográfica.
Segue-se uma caracterização sumária das diferentes áreas culturais do México, baseada no Atlas del México Prehispánico (2000), e no Atlas Histórico de Mesoamérica (Manzanilla y López Luján, 1989). 

MÉXICO CENTRAL
Uma das áreas mais importantes durante a história pré-hispânica do México, foi a que se conhece como México Central. Esta área é constituída pelos vales temperados a frios situados na parte meridional do planalto mexicano e a norte da bacia do rio Balsas. Trata-se de um nicho ecológico caracterizado pelo seu clima temperado e pela ausência de cursos de água importantes. As chuvas, por outro lado, ocorrem entre os meses de Abril e Setembro, não sendo demasiado abundantes. Este fato motivou o desenvolvimento, desde muito cedo, de obras hidráulicas, entre as quais se encontram a canalização de rios e os sistemas de levadas nas encostas dos montes.
Panorâmica do vale de Teotihuacan, (Pirâmide da Lua) México Central

O vale de Tehuacan, localizado a sudeste desta região é importante porque dele procedem os vestígios mais antigos do cultivo do milho bem como algumas das amostras da cerâmica mais antiga da Mesoamérica. O México Central inclui ainda, a bacia lacustre do vale do México, composta por vários lagos e lagoas. Em redor do lago Texcoco cresceram povoamentos tão importantes como Cuicuilco no período pré-clássico; Teotihuacan no clássico e Tula e Tenochtitlan no período pós-clássico.

ÁREA MAIA
A Área Maia é uma das maiores da Mesoamérica. Alguns autores dividem-na em dois setores:
- a península do Iucatão, a norte, e
- as Terras Altas, no sul.
A primeira engloba, além da península iucateca, a região de Petén e o Belize. Trata-se de uma zona de terras baixas e clima quente, fustigada pelos furacões e tempestades tropicais provenientes do Mar das Caraíbas. Em termos geomorfológicos esta região é uma plataforma calcária, elevada apenas em direção a sul, onde os Montes Maias rompem a planura da paisagem. Carece de cursos de água superficial, pois o solo é demasiado permeável, sendo abundantes os cenotes. Por outro lado, as Terras Altas englobam os Altos de Guatemala e os Altos de Chiapas. É uma região de clima temperado frio, com chuvas abundantes. As encostas das montanhas encontram-se cobertas por uma vegetação espessa a qual ameaça o desenvolvimento da agricultura. As Terras Altas não estão menos expostas aos ciclones tropicais, que com alguma frequência provocam danos na zona.


 Os primeiros desenvolvimentos culturais importantes desta região ocorreram na sua parte sul. A primeira cerâmica, oriunda da localidade de Cuello no Belize, parece indicar que o desenvolvimento da olaria na Área Maia derivou das tradições sul-americanas. Séculos mais tarde, desenvolveram-se os primeiros centros populacionais que haveriam de converter-se em cidades no período clássico. Entre elas destacam-se Kaminaljuyú e Tikal. Esta última havia de tornar-se a maior das cidades maias entre os séculos III e VIII d.C. A decadência e abandono das grandes cidades maias ficou a dever-se a uma combinação de fatores:
-guerras internas,
-desastre ecológico,
-mudança climática,
-migrações provenientes do norte da Mesoamérica.
Desta forma, o coração da cultura maia transferiu-se para as terras do Iucatão. Nesta região floresceriam as cidades tardias de Chichén Itzá, Uxmal e Tulum, entre muitas outras, e que na realidade eram pequenos estados hostis entre si.

OAXACA
A região de Oaxaca foi desde a época mesoamericana uma das mais diversas. Trata-se de um território extremamente montanhoso, limitado pela Sierra Madre del Sur e pelo escudo Mixteco. Inclui uma porção da bacia do rio Balsas, caracterizada por sua secura e relevo complicado. Nesse sentido, parece-se bastante à região do México Central. Foram dois os cenários principais da história cultural dos povos de Oaxaca. Por um lado, os vales centrais de Oaxaca viram surgir o desenvolvimento da cultura zapoteca, uma das mais antigas e conhecidas no âmbito mesoamericano. Esta cultura desenvolveu-se a partir dos vários caciquismos regionais que controlavam a terra de cultivo (muito fértil, ainda que demasiado seca) dos pequenos vales de Etla, Tlacolula e Miahuatlán. Alguns dos primeiros exemplos de grande arquitetura na Mesoamérica pertencem a esta região, como o centro cerimonial de San José Mogote. A hegemonia deste centro cerimonial na região dos vales passou depois para Monte Albán, a capital clássica dos zapotecos. A queda de Teotihuacan no século VIII permitiu o apogeu da cultura zapoteca. Ainda assim, a cidade de Monte Albán foi abandonada no século X, dando lugar a uma série de centros regionais que disputavam entre si a hegemonia política. A poente dos vales, localiza-se a região Mixteca.

Trata-se de um terreno extremamente montanhoso com altitudes muito variáveis que chegam a ultrapassar os 3000 metros sobre o nível do mar. Os climas variam do temperado de montanha ao tropical seco, e a chuva é geralmente escassa. Existem poucos cursos de água, e atualmente boa parte da região apresenta um grau de desflorestação alarmante devido à agricultura de roça praticada pelos antigos habitantes da região. A Mixteca é também uma zona ocupada desde tempos imemoriais. Já desde o período pré-clássico haviam-se formado nesta região vários núcleos populacionais importantes, como Yucuita e Cerro de las Minas. No entanto, as capitais mixtecas nunca alcançaram a magnitude das suas vizinhas zapotecas. O apogeu da cultura mixteca foi alcançado no período pós-clássico, quando o senhor Oito Veado de Tututepec e Tilantongo empreendeu uma campanha de unificação política das cidades-estado mixtecas, chegando a ocupar os vales centrais de Oaxaca.

GUERRERO
Tradicionalmente considera-se Guerrero como uma região pertencente à área Ocidente. No entanto, as descobertas mais recentes reorientaram a divisão das áreas culturais mesoamericanas, e nos trabalhos acadêmicos dos últimos tempos Guerrero aparece como uma área cultural independente. Guerrero ocupa aproximadamente a área correspondente ao estado mexicano do mesmo nome, localizado no sul do México. Pode dividir-se em três regiões com características diferentes: a norte, a depressão do rio Balsas, onde este curso de água tem a maior influência sobre a configuração da geografia regional. A depressão do Balsas é uma região baixa, de clima quente e chuvas escassas, cuja secura é minorada pela presença do rio Balsas e seus numerosos afluentes. A parte central corresponde à Sierra Madre del Sur, região rica em depósitos minerais e com escassas potencialidades agrícolas. A parte sul da área guerrerense é constituída pela costa do Pacífico, uma estreita planície costeira, repleta de manguezais e palmeiras, fustigada pelos furacões do Pacífico. Guerrero foi o cenário das primeiras tradições cerâmicas da Mesoamérica. Os vestígios mais antigos desta foram encontrados aqui, em Puerto Marqués, próximo de Acapulco, com idade aproximada estimada em 3500 anos. Durante o período pré-clássico, a bacia do Balsas converteu-se numa zona de importância vital para o desenvolvimento da cultura olmeca, que deixou marcas da sua presença em locais como Teopantecuanitlán e as grutas de Juxtlahuaca
.
 grutas de Juxtlahuaca (Jaguar vermelho)

Mais tardio foi o desenvolvimento de uma tradição escultórica conhecida como Mezcala, caracterizada pela sua tendência para a geometrização do corpo humano. Durante o período pós-clássico, a maior parte de Guerrero caiu sob o domínio dos mexicas, permanecendo independente apenas o senhorio tlapaneco de Yopitzinco.

OCIDENTE
O Ocidente é uma das zonas menos conhecidas da Mesoamérica. Trata-se de uma extensa região, que inclui as encostas da Sierra Madre Occidental, uma parte da Sierra Madre del Sur e a bacia média e baixa do rio Lerma.
O Bajío, região da planície no México. 

Os contrafortes da montanha estavam cobertos de bosques de pinheiros e carvalhos, cuja extensão tem diminuído devido à atividade silvícola. A terra tem aptidão agrícola pela sua fertilidade e pela disponibilidade de recursos hídricos, especialmente na planície costeira de Sinaloa, no bajío e na meseta Tarasca. Os climas variam desde frio de montanha no oriente de Michoacán, até ao clima tropical das costas de Nayarit. A região foi habitada por povos de fala uto-asteca, como os coras, huichol e tepehuanos. A incorporação destes povos na esfera da civilização mesoamericana foi muito gradual, e presume-se que os primeiros avanços na cerâmica da região estiveram ligados às tradições dos povos andinos do Equador e Peru. As mudanças que afetaram as restantes regiões de forma clara são menos observáveis no Ocidente, por isso, as tradições culturais do período pré-clássico, como as de Colima, Jalisco e Nayarit ou a dos túmulos de poço, sobreviveram até bem dentro do período clássico (150-750/900d.C.). A mais conhecida das sociedades do Ocidente é a purépecha ou tarasca, que rivalizou no século XV com o poderio dos mexicas.

NORTE
A zona Norte da Mesoamérica formou parte desta superárea cultural apenas durante o período clássico (150-750 d.C.), altura em que o apogeu de Teotihuacan e o crescimento da população favoreceram as migrações em direção ao norte bem como o comércio com as longínquas terras da Oasisamérica.
Turquesa, um dos principais produtos negociados pelos povos da Oasisamérica.

Trata-se de um território plano, situado entre as Sierra Madre Oriental e Ocidental. O clima é seco, quase desértico, e a vegetação é escassa, pelo que a agricultura no norte só foi possível mediante a canalização dos cursos de água superficiais (entre os quais se destaca o rio Pánuco e os afluentes do rio Lerma) e ao armazenamento da água da chuva. A excessiva dependência do bom clima levou os povos do norte da Mesoamérica a abandonar a região em meados do século VIII, altura em que enfrentaram uma seca prolongada e as invasões de povos oriundos da Aridoamérica. Os centros populacionais do Norte estavam dependentes da rede de comércio que se estabeleceu entre Teotihuacan e as sociedades da Oasisamérica. Sítios como La Quemada em Zacatecas, ou La Ferrería em Durango, serviram como fortes para vigiar as rotas comerciais. Quando a agricultura e o sistema social entraram em colapso, os habitantes desta região migraram em direção ao ocidente, ao golfo do México ou ao México Central.

CENTROAMÉRICA
A área conhecida como Centroamérica (não confundir com América Central), ocupa as costas pacíficas de El Salvador, Honduras, Nicarágua e a península de Nicoya na Costa Rica. Trata-se de uma região de clima tropical, com atividade sísmica importante, incluindo também os dois grandes lagos da América Central: o lago Nicarágua e o lago Manágua.

Lago Nicarágua
Como no caso da região Norte, a Centroamérica fez parte da Mesoamérica apenas temporariamente. Costuma considerar-se que os povos centro-americanos formam parte da chamada zona de transição entre o mundo andino e a Mesoamérica. Os primeiros contatos com a área nuclear da Mesoamérica ocorreram no período pré-clássico, como indica a influência olmeca nesta região. No entanto, no período clássico, as relações foram interrompidas e a Centroamérica recebeu um maior influxo das culturas do planalto colombiano. Exemplo disto é o desenvolvimento da metalurgia na Centroamérica, muito anterior ao que se verificou nos restantes povos mesoamericanos. No entanto, nos sítios salvadorenhos de Tazumal, San Andrés e outros, é visível a influência de Teotihuacan, Copán e outros sítios maias. No período pós-clássico, toda esta área ficou novamente incluída na esfera mesoamericana, sendo invadida por povos como os pipiles e nicaraos, falantes do nahuat, um dialecto do idioma falado pelos mexicas e percebe-se na cultura e arquitetura a influência de toltecas e astecas.Fonte: p0t.wikipedia.org
Formatação e pesquisa: Helio Rubiales

Nenhum comentário:

Postar um comentário